5 de nov. de 2014

Amargo. Manjar de Ameixa.

30/10/2014

Pedro Fontana – Amigos do Nariz Vermelho

Relatório 20 – Hospital das Clínicas

 


 

A sensação da impotência perante as pessoas que contam contigo. Parado lá, o que busquei foi apenas a parede, encostado, atrás do refugio tateado pelas mãos cruzadas atrás das costas, e ali assim me vi sozinho sob olhares, e o meu a desviar destes. Caiu sobre mim a realidade e tive o momento que dissipa toda a ebriedade do nariz. A facilidade que vi, como a fuga, covarde, temerosa, que tira o corpo da frente e da espaço pra quem já está ali desnudo. Não escolheu estar ali.

O campo de lutas contém sim todas as mesmas maleficências que um gramado de espadas e escudos caídos. Uma sinfonia que rege lágrimas e saliva. Olhos apertados que exaltam as rugas dos anos vividos. Não é colorido, não é doce. É cruel e a mistura de tons cai para o apagado da espera.

Bate no pandeiro que assim esvazia todo o estresse. Uma batida tão forte que você sente todo aquele olho vermelho, a cabeça baixa e a mão apertada.

Mas sempre vem o porém acompanhado do entretanto.

Teve gargalhada? Teve sim senhor!

E às vezes ela vem mesmo que você não a tenha chamado. É nesse momento que, se você pelo menos se permite a receber, ela te preenche com aquele sorriso jovial que clama pelas vozes cantando a serenata.

A vida tem o amargo, mas e quem disse que isso não é gosto? Nada de doce, nem salgado ou azedo se não tem o que amarra a boca e te faz fazer careta. Talvez a maior verdade esteja na mais real careta.

Se enrosca, deixa enroscar todo, o azul preso até que só fique os dentes livres, alvos dentes de pele negra.

Adoça minha alma meu manjar de ameixa. 

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